Na maior parte do tempo, nossos artigos se concentram em estudos atuais e inovadores. Ainda assim, a natureza da ciência é que ela se constrói continuamente a partir de descobertas e pesquisas anteriores. Inevitavelmente, pesquisas atuais se firmam nos ombros de gigantes. Aqui estão alguns dos trabalhos clássicos “gigantes” na pesquisa da atração sexual e amorosa.
1. Similaridade: Gostar De Quem Se Parece Conosco
No coração da atração é a ideia de que gostamos de ficar perto de pessoas que nos oferecem interações recompensadoras e positivas. Um estudo inicial sobre atração sexual avaliou se as recompensas estavam associadas a quão similares as pessoas são.1
Para fazer isso, os pesquisadores pediram a mais de 150 participantes que lessem um questionário sobre atitudes (por exemplo, atitudes com relação a sexo antes do casamento, séries de TV, etc.) supostamente respondido por outro participante, ou o que os pesquisadores se referem como “estranho falso”, então avaliaram a atração em relação ao estranho falso.
Os pesquisadores alteraram a escala para manipular quão similar o estranho falso era do participante, e quantas atitudes apareciam na escala. Eles descobriram que a proporção de similaridade é mais importante que números gerais de atitudes similares, assim sendo mais importante ser similar em 7 de 10 características (70%) do que em 30 de 200 características (15%). Esse estudo foi a base de centenas de estudos subsequentes sobre a importância da similaridade na atração sexual e amorosa. A similaridade é muito importante!
1Byrne, D., & Nelson, D. (1965). Attraction as a linear function of proportion of positive reinforcements. Journal of Personality and Social Psychology, 1(6), 659-663. doi:10.1037/h0022073
2. Amigos no Dormitório: O Poder da Proximidade
Há um ditado que diz que “você pode escolher seus amigos, mas não sua família”. Entretanto, pode ser que sua escolha de amigos não esteja totalmente dentro do seu controle consciente. Em um estudo clássico sobre a formação de amizades, pesquisadores pediram que quase 300 residentes do dormitório do MIT listassem seus amigos mais próximos. Os pesquisadores então descobriram onde esses amigos viviam no dormitório.2
Quando alguém vivia no quarto ao lado, havia uma chance de 41% de que eles estivessem listados como um amigo próximo. Conforme a distância aumentava, a chance diminuía, assim aqueles que viviam a quatro quartos de distância tinham uma chance de apenas 10% de serem listados como um amigo próximo. Esse estudo demonstra a importância da proximidade, ou de estar fisicamente perto, na formação de um relacionamento, tanto amoroso quando de amizade.
2Festinger, L., Schachter, S., & Back, K. (1950). Social pressures in informal groups; a study of human factors in housing. Oxford England: Harper.
[sc:artigos_relacionados]3. O Estudo da Ponte
Nesse estudo clássico,3 pesquisadores saíram do laboratório para examinar a atração sexual de homens por mulheres que eles encontravam sob uma de duas condições: em uma ponte alta e instável ou em uma ponte baixa e robusta. Em cada condição, conforme o homem cruzava a ponte, ele encontrava uma mulher que pedia que ele contasse uma história a partir de um conjunto de figuras ambíguas. Ela também dava ao homem o número do seu telefone “caso você tenha alguma pergunta”.
Os homens que a encontravam na ponte alta contaram histórias com conteúdo mais sexual e tinham mais probabilidade de ligar para ela do que aqueles que a encontraram na ponte mais baixa. A razão? Atribuição errônea de excitação, ou a ideia de que a ponte alta criava uma sensação de excitação que os homens erroneamente achavam ser por causa da mulher.
3Dutton, D. G., & Aron, A. P. (1974). Some evidence for heightened sexual attraction under conditions of high anxiety. Journal of Personality and Social Psychology, 30(4), 510-517. doi:10.1037/h0037031
4. Muito a Ganhar: O Poder de Te Conquistar
O que é mais atraente: alguém que sempre gostou de você ou alguém que no começo não gostava muito, mas eventualmente se tornou mais positivo? Um estudo testou isso ao fazer universitários passarem por uma série de encontros.4
O participante “acidentalmente” (na verdade era uma parte intencional do estudo) ouviu o pesquisador descrevendo-os de quatro formas: completamente positivo, completamente negativo, inicialmente negativo mas se tornando positivo, e inicialmente positivo mas se tornando negativo. Como seria de se esperar, os participantes gostavam do pesquisador quando a avaliação era completamente positiva, mas, surpreendentemente, gostavam ainda mais dele quando a avaliação era inicialmente negativa e se tornava positiva. Essa descoberta demonstra a teoria da atração de perda e ganho, ou a ideia de que conquistar uma pessoa que teve uma impressão inicial negativa é mais recompensador do que uma pessoa que sempre teve uma impressão positiva.
4Aronson, E., & Linder, D. (1965). Gain and loss of esteem as determinants of interpersonal attractiveness. Journal of Experimental Social Psychology, 1(2), 156-171. doi:10.1016/0022-1031(65)90043-0
5. O Que É Bonito É Bom
A maioria das pessoas acha que ser fisicamente atraente é uma coisa boa, mas esse estudo mostra quão bom pode ser. Universitários viram fotos de homens e mulheres representando vários níveis de atratividade.5
Com base apenas na fotografia, eles avaliaram as pessoas mais atraentes como sendo mais gentis, sociáveis, modestos, sensíveis e interessantes. Mas as percepções positivas não terminam aí. Os participantes também viam pessoas mais atraentes como tendo empregos melhores, casamentos melhores e vidas melhores. Esses resultados demonstram nossa parcialidade em relação à beleza e às crenças estereotipadas que atribuímos a indivíduos mais atraentes.
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