As alunas de Smith College, uma faculdade só de mulheres em Northampton, nos Estados Unidos, se mobilizaram em prol de uma causa: a de aceitar que pessoas transexuais estudem na faculdade e sejam aceitas. Trata-se de uma petição assinada pelas alunas após descobrirem o que aconteceu com Calliope Wong, que começou uma campanha para incluir mulheres trans em Smith depois de ter sua admissão negada na instituição por não se enquadrar em nenhuma das categorias de gênero listadas.
A petição diz:
“Caro Smith College Board of Trustees e Presidente McCartey,
Nós nos abstemos de pagar as mensalidades da faculdade até que a Smith implemente uma política de admissões que seja baseada em gênero de auto-identificação como mulher, independente da política atual que depende de marcadores de gênero, considerando estudantes que frequentavam o ensino médio nos Estados Unidos como alunos internos, considerando ambos candidatos nacionais e internacionais igualmente, independente da situação financeira em todos os níveis de processo da candidatura, de uma política que outras instituições de tamanho similar adotaram. Solicitamos o desenvolvimento de uma política de ação afirmativa mais abrangente que não defina por classe, raça, deficiência, condição de cidadania, identidade de gênero e idade. Consideramos a atual política de admissão inaceitável e acreditamos que eles não estão em consonância com a missão e valores da Smith, que compromete a instituição no que se refere à “para o acesso à diversidade, recrutamento de novos talentos e mulheres ambiciosas de todas as origens.”
Estamos conscientes de que uma comissão está sendo convocada para discutir políticas de admissão em Smith e chamamos o Conselho de Curadores para anunciar as mudanças de política na última reunião do Conselho de Administração do ano letivo que termina no dia 02 de maio.Atenciosamente,
As alunas, ex-alunas, futuras alunas e pais.”
Uma das alunas discordou da petição dizendo que transexuais são pessoas fisicamente encorpadas e com trejeitos masculinos e que não se trata de um juízo de valor. Ela diz ter uma profunda compaixão por essas pessoas e sabe o quanto elas querem viver de igual para igual na sociedade, com outras mulheres, mas diz que, em contrapartida, é perfeitamente normal a instituição esperar mais do que uma retórica vazia sobre política de identidade, que levanta a bandeira de que “eu sou o que eu digo que eu sou”.
A Smith, segundo ela, deve adotar sim critérios objetivos para admissão na faculdade que levem em consideração dados coerentes e isso pode acarretar na negação de estudantes transexuais. Para ela, o problema é que as pessoas ainda associam transexuais a homens, apesar da identidade real de gênero.
A escritora e defensora transexual Janet Mock teve uma briga com Piers Morgan, apresentador de talk-show, sobre a questão, quando o apresentador se referiu a ela como um “ex-homem”, enquanto ela estava sendo entrevistada em um programa. Ela desabafou o seguinte no twitter:
“Eu não sou um ex-homem. Por favor, pare de sensacionalizar minha vida e menosprezar as mulheres trans”.
Janet voltou novamente ao programa para explicar por que o que Morgan disse foi ofensivo:
“Eu acho que nós precisamos ter uma discussão sobre o que é sexo e as expectativas de gênero em nossa cultura, eu acho que nós nascemos e somos atribuídos a um sexo no nascimento. Essa é uma questão humana e nenhuma de nós tem controle sobre, mas nós temos controle sobre nossos destinos e sobre a nossa identidade e nós devemos ser respeitadas, não se trata das cirurgias feitas ou não, não se trata de como eu falo sobre o meu sexo para as pessoas, mas se trata de quem eu sou agora.”