Por que as mulheres são capazes de tolerar mais a dor durante o tempo prévio e durante o orgasmo? Uma equipe de cientistas da Universidade de Rutgers nos Estados Unidos, encontrou uma resposta para esta pergunta, mostrando, além disso, que o cérebro feminino não se “apaga” segundos antes do orgasmo. Essa pesquisa foi publicada na revista científica Journal of Sexual Medicine.
Anteriormente, foi investigado muito sobre o fator físico do orgasmo masculino e feminino, mas pouco se sabe, ou pelo menos muito menos, sobre o que acontece no cérebro durante o clímax sexual ou orgasmo, especialmente quando se refere às mulheres.
Uma das razões pelas quais há tão poucos estudos sobre o assunto, é porque a maioria envolve pedir aos voluntários que deixem de lado as suas inibições enquanto se masturbam em uma máquina de ressonância magnética funcional (fMRI).
Logicamente, a cabine fria, barulhenta e mecânica para tal tarefa não é exatamente o local mais favorável para a excitação da participante.
A literatura científica sobre o orgasmo é limitada e variável, devido aos desafios metodológicos colocados pela latência do orgasmo e pelo movimento do cérebro.
No entanto, esse grupo de cientistas tentou superar mais uma vez esse obstáculo, contando com a participação de 10 mulheres de diferentes idades, que foram convidadas a se estimular à medida que os pesquisadores observavam o funcionamento dos seus cérebros em uma sala de controle.
As mulheres foram convidadas a tentar alcançar o orgasmo duas vezes caso fossem capazes. Todos e cada um dos experimentos foram repetidos uma segunda vez com parceiros do sexo masculino que forneciam a estimulação.
As voluntárias também estavam equipadas com um dispositivo especial para evitar que suas cabeças se movessem, evitando que as leituras dos seus cérebros falhassem.
Assim, apesar do ambiente clínico, a maioria das voluntárias conseguiram atingir pelo menos uma vez o orgasmo, o que permitiu os cientistas observarem claramente o que acontece no cérebro das participantes.
Os cientistas descobriram que, no precipício do orgasmo, o núcleo dorsal da rafe (localizado na linha média do tronco encefálico) tornou-se mais ativo.
Uma área do cérebro se torna muito mais ativa
Pesquisas anteriores mostraram que o núcleo dorsal da rafe desempenha um papel importante no controle da liberação da serotonina, que além de fazer com que as pessoas se sintam bem, também serve como analgésico; isso explica por que as mulheres afirmam sentir menos sensibilidade à dor antes e durante o orgasmo.
Mas os especialistas também descobriram outra coisa: em vez de se “apagar”, a maioria das regiões do cérebro torna-se muito mais ativa durante a estimulação e o orgasmo.
Essa descoberta contradiz com o resultado de uma equipe de cientistas que realizou pesquisas similares em 1985 utilizando um scanner de PET e que disse ter encontrado evidências de que várias regiões do cérebro “dormiam” durante o orgasmo, o que os levou a afirmar que as mulheres precisavam de um ambiente sem distrações para ter um orgasmo.
Agora, usando as imagens de ressonância magnética, foi descoberto que não apenas esse não é o caso, mas o contrário é verdadeiro. A atividade cerebral aumenta gradualmente até chegar ao orgasmo, alcançando seu máximo durante o orgasmo, e logo diminui.
De acordo com os autores da pesquisa, as áreas cerebrais ativadas durante o orgasmo incluíram regiões sensoriais, motoras, de recompensas, cortical frontal e tronco encefálico (como o núcleo accumbens, a insula, o córtex cingulado anterior, o cerebelo ou o hipocampo).
É por isso que durante o orgasmo feminino aumenta-se a tolerância à dor.