“Gostosa”, “ô lá em casa”, “delícia”. Esses comentários incomodam milhares de mulheres nas ruas todos os dias. Para a maioria delas, é comum andar nas vias públicas e ouvir a opinião de estranhos que se acham no direito de falar sobre a sua aparência. Algumas não se importam tanto, enquanto outras ficam extremamente constrangidas com os comentários.
Além disso, em muitas cidades da América Latina, os metrôs ficam lotados nos horários de pico – parecem latas de sardinha. Centenas de pessoas tentam entrar em vagões cheios. Em alguns locais, mulheres e crianças têm vagões separados para não serem importunadas. Agora, Buenos Aires leva essa imposição também às ruas.
Aqueles que infringirem a lei serão multados em até 1000 pesos, o equivalente a 200 reais. De acordo com um estudo realizado pela organização MuMaLá, as mulheres argentinas começam a sofrer assédio a partir dos 9 anos de idade. Ainda segundo o Primeiro Índice Nacional de Violência Machista do país, 97% delas já sofreu assédio nas ruas alguma vez.
A iniciativa foi proposta pelo legislador Pablo Ferreyra. Ele esclareceu que a medida se aplica a todas as condutas físicas e verbais que agridam o outro com base no gênero, identidade ou orientação sexual – quando essas pessoas sentem sua dignidade e integridade lesadas.
No México, um dos países com maior índice de assédio sexual, 47% das mexicanas maiores de 15 anos já sofreram algum tipo de violência – física, sexual, emocional ou econômica, de acordo com dados do Instituto Nacional de Mulheres (Inmujeres).
No país, a violência verbal ou física contra as mulheres está praticamente naturalizada, o que parece uma demonstração do domínio dos homens em via pública. Além disso, muitas mexicanas são vítimas de comentários sexistas e assédios no transporte público, onde há uma área exclusiva para elas.
Devido a esses fatores, surgiu um movimento liderado por quatro mulheres da Cidade do México chamado Las Morras. O grupo enfrentou os assediadores e gravou um vídeo que se tornou viral. Nas imagens, respondem direto aos homens com frases do tipo “e aí, o que você quer”, “porque está falando comigo”? Eles ficaram realmente surpresos com a atitude.
Infelizmente, no país, há punição apenas para assédio verbal no âmbito no trabalho. Nas ruas, as mexicanas esperam por uma ação efetiva a exemplo de Buenos Aires.